Bonito, no Mato Grosso do Sul, é o tipo de lugar que não te
deixa ficar parado. A cidade tem inúmeras trilhas, flutuações em águas
cristalinas, mergulho, rapel, entre outros passeios para quem gosta de calçar o
tênis e explorar!
É o tipo de lugar que agrada tanto quem vai em busca de
acalmar os ânimos, quanto quem curte um friozinho na barriga. Eu a Marco
gostamos dos dois. Por isso decidimos passar nossa folga de carnaval nesse
paraíso.
Contrariando a previsão de chuva, Bonito nos recebeu com
dias ensolarados e temperatura agradável, em torno dos 25 graus. Como tínhamos
pouco tempo lá fizemos uma lista dos passeios mais recomendados para esta época
do ano e dessa lista escolhemos 3: o rapel no Abismo Anhumas; a flutuação no
Aquário Natural e a trilha para a Cachoeira Boca da Onça. Fizemos nessa ordem.
Em nossas viagens sempre buscamos encaixar algum esporte, de
preferência radical, no roteiro. Em Bonito começamos pelo Abismo Anhumas, uma
das experiências mais diferentes que já tive.
PREPARAÇÃO PARA O RAPEL NO ABISMO ANHUMAS
Quando fiz esse passeio, entendi por que ele é um dos mais
disputados. É um lugar lindo, protegido, diferente de tudo que já vi. Mas para
conhecer esse lugar é preciso ter um certo preparo físico e não estar muito
acima do peso, pois o rapel começa numa fenda beeeem estreita.
Na véspera tivemos que fazer um treinamento no Centro de
Bonito. A Clara, uma das instrutoras me explicou que esta etapa serve para ver
se a pessoa tem condições de encarar o Anhumas e se ela não tem medo de altura.
Este rapel é bem menor, tem apenas 8 metros, mas é importante para que aqueles
que nunca fizeram tenham o primeiro contato e se familiarizem com os
equipamentos.
Apesar de eu já ter feito rapel várias vezes, tive que passar pelo treinamento, porque é obrigatório.
72 METROS DE RAPEL CAVERNA ADENTRO
Com o intuito de preservar a caverna, a entrada de
visitantes por dia é limitada. As descidas acontecem de dois em dois. Logo que
me posicionei para a descida, olhei para o fundo do abismo e avistei lááá
embaixo um pedacinho do lago com água cor de esmeralda.
Os instrutores pedem que a dupla entrelace as pernas para
minimizar os riscos de bater na rocha. Conforme íamos descendo, ficávamos mais
impressionados com a beleza do lugar. Talvez por estar bem pertinho das paredes
rochosas eu não tenha ficado com tanto medo. Minha maior preocupação era não
ralar braços e pernas.
Cerca de 5 minutos depois, chegamos ao deck flutuante, onde
deixamos nossas mochilas e vestimos as roupas de borracha.
A água do lençol freático tem aproximadamente 18 graus e fazer a flutuação sem o neoprene
seria uma tortura. Rs Um guia levou nosso pequeno grupo, de umas 5 ou 6
pessoas, para fazer a flutuação de 30 minutos.
Fiquei com uma baita dor de cotovelo por não ter o
certificado de mergulhador. Se a gente tivesse, poderia ter feito um outro rolê,
bem mais maneiro, a quase vinte metros de profundidade.
De qualquer forma, a flutuação já é uma experiência e tanto!
Quando eu poderia imaginar que ia nadar nas águas cristalinas de um lençol
freático, dentro de uma caverna? Nunca.
O guia foi na frente, iluminando o trajeto com uma lanterna.
Pudemos ver fósseis de animais que estavam ali no fundo há milhares de anos e
as estalactites e estalagmites de calcário. Eu até tentei filmar com a minha
GoPro, mas a filmagem ficou horrível. Rs
O mais importante é que tudo ficou guardado na minha
memória. Acho que vídeo nenhum conseguiria transmitir a beleza e a perfeição do
que vi. Essas imagens vou ficar devendo a vocês. Quem não conhece, terá que ver
com próprios olhos. Rs O que eu recomendo demais!
Ao final da flutuação, depois de tirar as roupas de borracha eu e Marco ainda demos uma voltinha de bote, para observar melhor a parte de cima da caverna. O nosso guia, Tiago Sato, era uma figura e de um jeito bem divertido nos contou várias curiosidades sobre o lugar.
FLUTUAÇÃO NO AQUÁRIO NATURAL
A água mais cristalina que vi na vida foi lá. Esse passeio
também foi muito especial e eu recomendo demais para quem for a Bonito. A
flutuação dura cerca de 40 minutos e aqui também precisamos usar roupas e
calçados de borracha. Também tivemos que vestir coletes flutuantes. Antes de
cairmos na água, passamos por um rápido treinamento numa piscina. Sim, em
Bonito eles fazem treinamento para tudo!
Eu confesso que achei um pouco chato, não vou mentir, mas
compreendo a importância disso. Nem todos estão acostumados a fazer atividades
como flutuação e rapel e os guias precisam saber o nível da pessoa antes e
passar todas as orientações. Não só para a segurança do turista, como também
para preservar a natureza.
Por exemplo, a profundidade do rio é bem pequena, então se a
gente não ficar na posição certinha o nosso pé encosta no fundo, levantando os
sedimentos e atrapalhando a cristalinidade da água. (Nota nada a ver: precisei jogar
no Google a palavra cristalinidade para saber se existia mesmo, pois nunca
tinha usado. Rs)
Depois do treinamento, fizemos uma trilha bem rápida de uns
15 minutos até a nascente do rio. Nessa trilha o guia foi nos mostrando as
árvores e animais nativos. Pudemos ver uma cotia comendo frutinhas bem
tranquila. Uma gracinha. Só não encontramos os jacarés. Não sei se isso é bom
ou ruim. rs
A nascente foi o nosso primeiro contato com a água mais pura
que já vi. Tirei fotos impressionantes. E 5 minutos depois começamos a flutuar
pelo leito do rio. O peixe que mais vimos foi a piraputanga, muito comum na
região. As piraputangas estão tão acostumadas com a presença dos visitantes que
elas nem fogem. Nadavam bem serenas, pertinho da gente.
Um silêncio absoluto. Uma paz... Pensa num passeio gostoso.
Às vezes eu tirava o rosto da água e olhava para as margens. Parecia um rio
comum, nada demais. Mas quando eu colocava a máscara novamente e olhava para
dentro da água eu via aquele imenso e verdadeiro aquário natural. Uma beleza de
tirar o fôlego.
Falando em tirar o fôlego, rolou uma aventurazinha. No final
desse passeio encontramos uma pequena tirolesa, dessas bem simples, que você só
segura num pedaço de madeira e se joga. A queda é claro era na água. Adorei! Crianças
que somos, fomos duas vezes cada um. Mas se o guia deixasse, iríamos umas dez
vezes. Hahaha
A BOCA DA ONÇA
Nosso último passeio foi o mais longo. Fizemos uma trilha de
4h30, passando por várias cachoeiras de água verde cristalina e finalizamos com
uma subida básica numa escada de 886 degraus.
Para chegarmos à sede da fazenda onde fica a trilha
dirigimos por uns 40 minutos. O passeio incluía café da manhã (que a gente nem
sabia e ficou #chateado) e almoço pantaneiro. Adorei esse “pantaneiro”. Já
acordei pensando nesse momento. Kkkkk
Ao chegar tomamos um cafezinho e caprichamos no filtro solar
e repelente. A nossa guia, Alice, levou o nosso grupo de umas 10 pessoas até a
sala de vídeo (oi, vídeo? Isso mesmo!) onde fizemos adivinhem só? Um treinamento
para a trilha.
Essa parte eu não gostei real! Entendo a importância de
passar todas as orientações aos turistas antes de entrar no meio do mato, mas
achei bem nada a ver assistir a um vídeo sobre os lugares que iríamos passar.
Gente, eu evitei ficar olhando muita foto e vídeo de Bonito antes da viagem
para ter aquela sensação de surpresa. Aí eles vão e me dão esse spoilerzão?! #nãocurti
Não significa que eu não tenha gostado do passeio, né?
Porque uma coisa é ver na TV e outra coisa é ver com os próprios olhos, tocar,
se jogar na água. Apesar de já ter visto as imagens, eu fiquei impressionada
com a beleza do lugar, ao vivo e a cores.
A primeira parada para banho foi o Buraco do Macaco. Gente,
que cachoeira surreal! A gente tem que se enfiar numa caverninha e nadar até
chegar à uma enorme e linda queda d’água verdinha e um poço bem profundo. Tem
uma corda de apoio para quem não sabe nadar. E os guias oferecem coletes flutuantes
também.
A segunda parada foi o Poço da Lontra, um cantinho paradisíaco.
Uma escada dá acesso até a piscina natural, de onde é possível nadar e
atravessar a queda d’água. A água é tão cristalina que em pé, com a água na
cintura, a gente olha para o fundo e vê os peixinhos nadando em volta dos nossos
pés.
Passamos por tanta cachoeira linda que não vou lembrar aqui os nomes de todas elas. Ao todo são 8. Você pode conferir lá no site: www.bocadaonca.com.br
O que eu consigo me lembrar direitinho é dos lugares que
nadamos. Rs Foram 4. Além do Buraco do Macaco e do Poço da Lontra, paramos para
tomar banho na prainha do Rio Salobra, que tem água verde cristalina e uma
vista privilegiada para a Cachoeira Boca da Onça.
A última parada para nadar, foi a própria cachoeira, que dá
nome ao passeio. Ela tem mais de 150 metros de altura e é a maior do Mato
Grosso do Sul. Eu nunca tinha nadado numa cachoeira tão grande. Fiquei abismada
com a beleza e a imponência dela.
Depois de nadar no poço que fica abaixo da queda e de tirar
muitas fotos lindas, encaramos a temida escadaria de 886 degraus, até o ponto
onde uma caminhonete nos buscaria para o desejado e merecido almoço pantaneiro.
A guia nos disse que levaríamos 20 minutos para chegar ao
topo. Para a minha surpresa eu e Marco chegamos em 10. Aliás, eu morro de
inveja do preparo físico dele, que malha muito menos que eu mas tem um fôlego
bem melhor. Ele foi na frente o tempo todo.
Subimos diretão, sem paradas. O meu segredo para encarar
essas situações como essa, que exigem um grande esforço físico é focar na
respiração e mentalizar coisas positivas tipo: “eu posso, eu consigo”.
Foi tão gostoso chegar ao topo. Enquanto recuperava o fôlego
agradeci a Deus por aquele momento e pela minha saúde. Que oportunidade
maravilhosa era estar ali, ouvindo o barulho da cachoeira, sentindo o cheiro do
mato, longe da agitação paulistana. Minha alma estava de fato, PLENA.
E assim eu encerro esse post. Desejo que eu desperte em cada
leitora ou leitor a vontade de explorar esse mundão e é claro, de conhecer Bonito.
2 respostas para “Bonito, MS: Sossego com uma pitada de adrenalina”
Nossa, só quero ir lá conhecer. Preciso.
Nossaaaaaa deu muita vontade de conhecer Bonito!! Ameeei esse post! Apesar de ter mais texto do que imagens foi uma leitura super agradável e com tantos detalhes que me fizeram imaginar cada detalhe 😍 MAS só indo lá pra ver e crer né rsrs