Era uma vez...
Eu comecei a surfar em março de 2017 no Arpoador, RJ. Lá no Arpex tem um ou outro que pega onda de longboard, mas a maioria cai de pranchinha. Isso porque na maior parte das vezes a onda é mais cavada.
Posso citar muitos pontos positivos de ter começado a surfar lá. Aliás, posso fazer um post só sobre isso. Mas o foco agora não é esse, então vou me ater a apenas um: o drop. Acho que por ter aprendido a surfar neste pico eu adquiri um drop rápido, mas o surf vai muito além disso.
A onda perfeita está na boa remada e... na prancha CERTA! E é disso que eu quero falar hoje.
Depois de uns meses fazendo aula eu decidi comprar minha primeira prancha. Eu tinha enfiado na cabeça que era surfista de pranchinha e ninguém ia me convencer do contrário! Rs Eu sou pequenininha, tenho 1,57 de altura e não me imaginava carregando um trambolho para cima e para baixo. Conversei com algumas pessoas mais experientes, inclusive professores, e me recomendaram pegar uma Evolution 6.2.
E lá fui eu toda pimpona na Galeria River comprar a minha very first board. (Para quem não conhece a River é um point muito massa com surfshops, lojinhas esportivas, lanchonetes e bares e fica bem ao lado do Arpoador).
Realizando o sonho da prancha própria
“Oi moço, turupom? Me vê aí uma Evolution 6.2 com litragem mais alta, porque eu sou haole e ainda não sei remar direito.” E saí de lá muito feliz. Dei à minha bolachinha o apelido carinhoso de “Bandida”. Eu minha parceira viajamos o mundo juntas. Costa Rica e Califórnia foram alguns dos picos que surfei com ela. Evoluí bastante. Aprendi a pegar minhas primeiras ondas sozinha, sem empurrãozinho do professor.
Eu só acho que demorou muito para eu conseguir fazer isso, sabe? Faz as contas comigo. Comecei em março a fazer aula. Fui conseguir pegar minha primeira onda sozinha em dezembro de 2018. Pausa para a Nazaré confusa. Kkk Foram quase 2 anos para eu declarar independência!
Minha pranchinha tinha um tamanho bacana para eu transportar, mas era muito difícil para uma iniciante como eu entrar nas ondas com ela. Eu acho que teria conseguido muito mais rápido se tivesse conhecido a “Pink” antes.
Say hello to my little friend
A Pink, apelido que eu dei à minha softboard 7.5 da Langai, é um sonho de prancha. Ela parece que deu uma turbinada na minha remada. Eu consigo varar a arrebentação muito mais rápido. Aliás, esse era outro problema que eu tinha. Eu era tão lenta que, a Yanca Costa até hoje me chama de “Tarta” por causa disso. Rs Amo esse apelido porque eu amo as tartaruguíneas. Mas com a minha funboard eu estou mais para lebre. Kkk E o melhor, entro em tudo que é onda!
Acredito que se eu tivesse comprado uma dessas lá atrás, eu teria pego minhas primeiras ondas sozinha beeem antes. Mas não quero também ficar me lamentando do passado. No regrets! / Sem arrependimentos. É tudo um grande aprendizado. O objetivo aqui é ajudar outras pessoas que estejam iniciando no surf a não cometer os mesmos erros que eu.
Non, je ne regrette rien
Aprendam comigo e não repitam isso. Eu queria ter uma pranchinha que fosse mais “prática” de carregar comigo para todo lugar, mas a espertona aqui esqueceu do mais importante: a prancha devia me colocar nas ondas, ora bolas! Além disso, eu achava que quanto menor a prancha, melhor o surfista. Ó azideia! O pior é que tem muito iniciante pensando isso por aí, tá?
Quando fui à Costa Rica, onde surfei Avellanas e Tamarindo, ou quando fui para a Califa, onde surfei Cardiff By The Sea eu não me joguei nas ondas. Ficava no inside dropando a espuminha com a Bandida. Também tive oportunidade de surfar na Nova Zelândia, em Piha, e em várias praias do Uruguai, mas sempre na espuma. Eu me sentia a criança muito pequena que foi para a Disney e não tinha tamanho para andar nos brinquedos mais irados.
O surf minha gente, é um esporte difícil e a gente demora a evoluir, ainda mais quando começa com quase 30 anos. Mas é um esporte que ensina muito.
Vivendo e aprendendo
A Pink me ensinou também. Ou melhor, me ensina. Aprendi com ela a não ser tão cabeça dura. Houve quem me avisasse em 2017 para eu comprar uma fun ou uma soft. Mas eu ouvi? Não. Eu achava que soft era coisa de haole.
Pessoal, coisa de haole é você querer aparentar algo que não é. Eu dropava altas ondas no Arpoador com a Bandida, mas sempre com empurrãozinho do professor. Aí quando viajava ficava refém de fazer aula ou então não pegava as ondas boas.
Faça aula sim. Mas não para sempre!
Acho extremamente importante a etapa de fazer aulas. É imprescindível. E independente de quanto tempo você precise das aulas até se sentir confiante para pegar suas PRÓPRIAS ondas, não deixe de ter isso em mente! É libertador. E uma das coisas que você precisa fazer é escolher a prancha certa!
Creio que o estalo que eu tive, em que percebi que deveria comprar uma nova prancha, foi quando surfei Muizemberg, na África do Sul. A onda lá era assim, meio metrinho, gorda e looooonga toda vida. Ideal para o longboard. Aí não teve jeito. Eu tive que alugar uma né?
Não tinha professor para me dar aula. Ainda bem! Tive que tentar sozinha. E descobri naquelas águas geladas, junto das focas, que era isso que eu queria para a minha vida: big board and small waves. / Prancha grande e ondas pequenas. Aquele surf suave, aquela vibe tranquila, sem passar nervoso, me conquistaram!
Descobrindo o prazer do surf zen
Eu ainda continuo gostando da adrenalina, de entrar num mar maiorzinho, que faz meu coração disparar e dá um frio na barriga. É claro que eu gosto. E acho que faz parte do processo de evolução. Mas eu amadureci e descobri que o surf pode provocar infinitas sensações, inclusive a do relaxamento.
Aquela cria do Arpoador finalmente viu um grande potencial nas marolas. Rs E comecei a pesquisar, pesquisar, pesquisar... já vinha flertando com a softboard da Langai. E pensava assim, será? Até que, em março desse ano, eu ganhei minha prancha. Mas por conta da pandemia eu só pude estreá-la agora, quando houve uma flexibilização nas praias.
Imaginem a fissura que eu não estava para pegar minhas marolinhas? Passei uma semana surfando quase todos os dias no litoral norte de SP com a Pink e foi a coisa mais incrível! Apenas um dia que eu fiz aula, porque o mar estava grande para mim. O resto do tempo, só dava eu nas marolas. Que vibe! Matei um pouco a vontade, mas estou doida para surfar de novo com a minha soft.
E a pranchinha?
Quanto à Bandida, não se preocupem com ela. Tivemos uma D.R. e chegamos à conclusão que ela tem o seu valor e que há mares para todas as pranchas. Rs Eu decidi que vou treinar bastante com a minha soft por um tempo, ganhar mais confiança de que posso pegar minhas ondas. E aí, com bastante treino, eu tenho certeza de que vou conseguir surfar com qualquer prancha que quiser.
Viva o Agora!
No meio da soft tem um desenho lindo com essa frase, que eu particularmente adoro. O agora é tudo que temos e se você está começando a surfar não perca tempo se preocupando com qualquer coisa que não seja a sua diversão na água. Isso é o mais importante.
Quanto à praticidade para transportar, percebi que esse é o menor dos problemas. Realmente a pranchinha é mais leve e mais fácil de carregar. Mas carregar a soft tem sido um belo treino de braços para mim, sabia? Fui pegar a prancha do meu namorado outro dia e ela parecia uma pluma. Ou seja, estou ficando mais fortinha. E ter um braço forte é essencial para o surf. Lembra do que eu falei lá no começo? A onda perfeita está na remada.
Vai menina!
Se joga. Pega as suas ondas. Sinta-se mais confiante. Sorria enquanto desliza na onda. É para isso que você surfa!
Agora que você conheceu um pouquinho da minha história, espero que esteja mais segura para investir na sua primeira prancha. Se tiver dúvidas, me escreve. Eu adoro trocar experiências e incentivar outras meninas e mulheres a conhecerem melhor esse incrível mundo salgado.