Quando comecei esse post, a minha ideia era falar sobre tombos, mas acabei escrevendo sobre o medo. Na real, ambos estão conectados e muito presentes em modalidades como o surf, o skate e demais board sports.
Quem faz esporte radical já está mais acostumado às quedas. Não significa que a gente não sinta medo, né? Com a prática a gente vai aprendendo a cair e os danos são menores. Me lembro de quando eu estava aprendendo a surfar no Arpoador. O mar nem estava grande, mas eu tomei uma vaca daquelas que deixam areia até na alma. A quilha cortou minha coxa. Sangrou, ficou roxo em volta e hoje eu tenho uma pequena cicatriz. Ou, como eu gosto de chamar, uma marca de guerra.
Naquele dia eu saí do mar achando que o surf era um esporte muuuito perigoso. Hoje eu já sei que não é bem assim. Como todo esporte de aventura, ele tem um risco envolvido sim, mas com a prática você aprende a se proteger. Aprende que tamanho de mar você dá conta de encarar, a ficar mais atento para não atropelar nem ser atropelado por ninguém, aprende a relaxar na hora do caldo para não se afogar etc.
Mas isso aí a gente só aprende com o tempo. Você já foi criança, sabe como é. A gente caía e às vezes machucava feio. Mas depois da bronca da mãe (a minha era dessas rs) do Merthiolate - que ardia - e do band-aid a gente voltava para o pique-pega. A gente não deixava de correr. Não deixava de se divertir. Eu pelo menos não. rs
Dizem que conforme a gente vai envelhecendo vai ficando mais medroso. E eu acho que faz sentido. Já ouvi várias pessoas falando “quando eu era jovem fazia tal coisa, hoje não tenho coragem!” E o medo gente, na medida certa faz até bem. O medo pode te proteger, mas ele também pode te travar. É preciso saber quando ele está sendo seu aliado e quando ele está sendo seu inimigo. E o segredo na minha opinião é se questionar. Por que eu estou com medo disso? O que de pior pode me acontecer? E se eu não fizer, o que poderei estar perdendo?
Quem faz esportes radicais sabe bem qual é a sensação de dropar uma onda, de se jogar de um abismo (como o da foto acima), ou de descer uma pista bem íngreme: a gente se sente FODA! Eu, por exemplo, me sinto corajosa, capaz, confiante, segura. E é claro que isso transborda para todas as outras áreas da minha vida. Quando eu venço o meu medo no mar, acontece algo dentro de mim que me deixa mais confiante para vencer meus medos fora d’água.
Escrevi esse texto não só para contar a vocês como eu dialogo com meus medos ou lido com meus tombos, mas para incentivá-los a se arriscarem mais. A frase, que eu coloquei lá no título e cuja autoria é atribuía ao ator Will Smith, é a mais pura verdade. “A felicidade está do outro lado do medo”. Se você não encarar seus medos de frente poderá deixar de viver coisas maravilhosas. Eu espero que esse post tenha plantado uma sementinha de coragem em você.